segunda-feira, fevereiro 03, 2014

Odoyá Iemanjá



Depois de levar um bolo de minhas amigas, que resolveram deixar para ir  ao Rio Vermelho  à tarde, para ver os barcos saírem com as oferendas para Iemanjá,  desci  sozinha para a praia de Santana. À tarde, é muita gente,  muita muvuca  para o meu gosto. No caminho encontrei uma amiga e o marido. Se conheceram  há  34 anos na festa de Iemanjá e estão juntos até hoje. A fila, para colocar os presentes na casinha da orixá, que seriam levados à tarde ao alto-mar,  já estava nas imediações da Farmácia Santana, na Rua da Paciência, mais de 500 metros de distância. Paciência é uma das virtudes que preciso adquirir, mas só na próxima encarnação. Nessa, já desisti. Calculei que levaria umas três horas para chegar na casinha. Estou fora. Resolvi  descer  a escarpa e me juntar  às dezenas de pessoas, que de branco, jogavam flores diretamente das pedras. Numa delas, um pai de santo jogava água benta nos devotos e quase que eu ia para lá, mas achei que era muita cara de pau pongar no grupo.
Levei  três rosas: uma , a minha, a primeira a florir da minha roseira,  e duas que comprei: uma branca para a minha comadre que viajou, e me incumbiu de jogar a sua flor e outra, uma azul, para um amigo sem fé. Na descida das pedras, minha sandália escorregou, caí,  e quase fui dizer alô a Iemanjá pessoalmente. Tudo bem. Apesar do vestido sujo de algas e do limo das pedras fiz os pedidos: paz, saúde e prosperidade.
Na volta, um pai de santo benzia as pessoas. Reparei que na cestinha dele tinha R$ 20. Não levei dinheiro, só trocados, mas ele me chamou e eu fui. Fêz uma benzedura completa. Eu tinha avisado que não tinha dinheiro, mas quando botei minhas moedinhas na cestinha ele perguntou: “Só tem isso”?  e eu: “Avisei que não tinha grana”. Espero que a benzedura ainda esteja valendo.
Várias rodas de capoeira, e as pessoas continuavam chegando, muitas flores, desde grandes buquês a simples rosinhas e flores do campo. Embora tenha sido pedido que se evitasse frascos de perfume e presentes de  elementos não-degradáveis, o pessoal não respeitou. Bonecas, perfumes, barquinhos de madeira eram dos presentes mais frequentes. Um dos barcos chamava a atenção pelas cores: vermelho, azul e branco.  Certamente, devia ter alguns outros nas cores vermelho e negro.
Em alguns botequins pessoas comiam feijoada. Tinha de todos os preços. As casas noturnas e restaurante da região ofereciam festas privês com valores que ficavam  entre $70 e R$ 200. Geralmente as tais festas de “ gente bonita”, como gostam de dizer os colunistas, na verdade, quase sempre festas de pessoas  feias  bem vestidas. 

Meu ex-vizinho Aloisio me convidou para uma feijoada na casa dele. Conheço os poderes gastronômicos de Fofão, como é mais conhecido, que gostava de cozinhar de madrugada e que me acordava com o cheiro delicioso de seus petiscos. Minha máquina de fotografar falhou. A memória estava cheia e não consegui apagar. A fotógrafa Shirley Stolze, amiga de infância de meus irmãos menores, que passou a noite registrando a festa e que pretendia ficar até o inicio da noite, disse que eu poderia usar as fotos dela. O que pretendo fazer. E que Iemanjá escute os nossos pedidos que forem justos e entre eles que as tradições da Bahia se mantenham por muitos e muitos anos.

sábado, abril 16, 2011

Rio e sensações

Depois de assistir o filme "Tio Boonmee que pode recordar suas vidas passadas", e sair revoltada por ter jogado R$ 8 fora (Sou casquinha mesmo e esse é um dos motivos pelos quais adoro Fernando Henrique) foi bom voltar ao Glauber Rocha para ver "Rio".
Que tio que nada...Filme chato, lento, imagens nubladas - espero não estar com o mesmo problema Que tio que nada...Filme chato, lento, imagens nubladas (espero não estar com o mesmo problema de minha amiga Mariinha que passou quase um ano sem enxergar direito pensando que era a lente de contato,até descobrir que era catarata) e uma história que se prestava a várias interpretações, nenhuma interessante.
Mas, Rio conta uma historinha que além de ser educativa -fala do tráfico de aves- faz a alegria de pessoas sensoriais como eu. Muitas cores, muitas flores, vegetação exuberante e o Rio em toda a sua magnitude. Sérgio Mendes canta um dos temas do filme, que tem várias músicas brasileiras, etem inclusive o funk - que não sei se é brasileiro, mas tenho certeza de que não é música.
Muito azul, inclusive o das ararinhas, e personagens encantadores como a garota que criou a arara macho e a sua alma gêmea, o ornitólogo brasileiro, dão suavidade e um romantismo à fita.
A parte do carnaval, no Sambódromo, é bem legal e a subida do bondinho para Santa Teresa cheia de ipês cor de rosa, ou acácias, ou cerejeiras cor de rosa (não deu para distinguir) é lindinha, lindinha....
Enfim, sem dúvida mais do que uma histórinha ecologicamente correta, Rio é uma apologia à Cidade Maravilhosa, e eu diria que, se por acaso tivesse tido um empurrãozinho do nosso Ministerio do Exterior, eles mandaram bem. E que se não teve a tal mãozinha, tivemos sorte. O filme é uma ótima propaganda para a cidade, apesar dos macaquinhos ladrões que roubam turistas e que deixam a platéia um tanto quando constrangida.
Acho que vou vê-lo novamente. Talvez até o compre para quando estiver com insônia. Boto meu Chopin (meu não, de George Sand)tiro o som do filme e fico com as imagens. Beleza pura, diria Caetano.

quarta-feira, junho 02, 2010

Coisas que perdem a graça

Tem coisa que perde a graça com o tempo. Útero Falante é um delas. Cinco anos depois do início, alguns textos, alguns poemas, quero mais é uma casinha na praia, com rede na varanda e brincos de princesa...Mais tempo, amigos, amor....
Me encontrem no www.eutenhoumacasinhalanamarambaia.blogspot.com. Vou tentar ser mais regular e fazer uma das coisas que realmente gosto:dar palpite.Mesmo que não me peçam e que não queiram.Eu vou impor o palpite.É só clicar. Ou não, como diria Caetano................que disse não ter dito.

terça-feira, janeiro 05, 2010

Vixe!
Minha última postagem foi em setembro.
Tanta coisa pra dizer, e eu muda.
Acreditam que eu esqueci minha senha???
Ainda bem que a achei recentemente escrita num caderno.
Vou voltar....

sexta-feira, outubro 23, 2009

Odeio gente sensível.
Esse pessoal sofre sem causa.

quarta-feira, setembro 02, 2009

Educadora, para mim, é outra coisa

A polêmica do momento em Salvador é a demissão de uma professora primária cujas imagens, dançando num pagodão, estourou no Youtube escandalizando os pais dos alunos da escola onde ela ensinava.
É pra escandalizar mesmo! Não só pela dança vulgar e quase pornôográfica, cujo tema era "enfia tudo", como pelas letras mais do que vulgares, um acinte à dignidade feminina, a qual a professora parece não dar a menor importância. Ou melhor, nem saber o que isso quer dizer...
Pensei em colocar uma das letras dos "pagodes" aqui, mas achei que não valia a pena divulgar, mesmo criticando, algo de tão baixo nível.
Uma educadora deve saber a importância do exemplo que deve dar aos seus alunos. E escolher o que quer ser afinal: uma professora, uma dançarina de músicas pornográficas, um pintora, uma funcionária pública. ETC. Não dá para misturar papéis tão discordantes.
A demissão foi justa. Soube que a professora apareceu dando entrevista em rede nacional dizendo que aquela dança faz parte da cultura baiana. Absurdo!!! Que a "Jackie" siga o seu novo caminho, pose para a Playboy continue dançando como bem lhe aprouver, ou até volte a ensinar se escolher a postura que uma educadora deve ter. Penso que nenhuma mulher que tenha bom senso, ou se respeite, dançaria ao som de letras que as desqualificam e à todo o gênero feminino.

terça-feira, agosto 18, 2009

Não gostei da festa em Cachoeira este ano



Este ano resolvi curtir o meu aniversário, dia de Nossa Senhora da Glória, em Cachoeira, no recôncavo baiano, onde todos os anos a data é comemorada com uma grande festa pela Irmandade da Boa Morte, criada por ex-escravas no século passado, e mantida pelas suas descendentes.
A festa atrai turistas de várias partes do mundo, mas como se passa na Bahia acontecem coisas inesperadas e fora do roteiro. Como por exemplo duas faixas afixadas nos prédios da irmandade, recuperados pelo governo do estado, há quase 10 anos e que ainda se mantém em bom estado.
Eu e meus amigos ficamos boquiabertos e ao mesmo tempo em que achamos o fato muito engraçado, achamos despropositado e inconveniente para a ocasião que em tese
deveria ser de devoção à mãe de Jesus, e portanto cristã.
Uma das faixas raivosas dizia:"Sebastião Héber, a diocese disse que voce não é padre coisa nenhuma.Vá celebrar suas missas no quinto dos infernos". A outra, não gravei, mas seguia o estilo raivoso e acusava o dito Heber de ter escrito tres livros "fuleiros" sobre a irmandade para se locupletar.
Curiosa, perguntei a várias pessoas quem era esse tal de Sebastião. quase ninguém o conhecia. Por fim, uma senhora me disse que era um padre recém-chegado. Não vou tomar partido nessa briga, mas as faixas no prédio ficariam melhor se colocadas em outro lugar
Lembrei-me da frase do ex-governador Otávio Mangabeira, avô de Mangabeira Unger, sobre a nossa terra e que hoje está até se tornando repetitiva. "Pense num absurdo que na Bahia tem precedentes".
O rancor e o desrespeito aos visitantes da autora das faixas enfeiou a festa que não foi como a dos anos anteriores. E a continuar esse clima baixaria não deverá durar mesmo muito.