terça-feira, junho 26, 2007

O fim da tarja preta

Acho que os psiquiatras e os laboratórios não vão gostar muito desta pesquisa :

Comer duas ou três bananas por dia é um excelente remédio para superar a depressão, segundo um estudo elaborado nas Filipinas, que destaca o alto conteúdo do "trytophan", um antidepressivo natural, na fruta. A conclusão é do Instituto de Pesquisa de Alimento e Nutrição (FNRI). A pesquisa assegura que os níveis de "trytophan" nas bananas mantêm os níveis de serotonina no cérebro e melhoram o humor das pessoas.O FNRI recomenda a ingestão de duas ou três bananas por dia, equivalentes a entre 20 e 30 gramas de carboidratos e a entre 80 e 120 quilocalorias.Os pesquisadores filipinos observaram outras virtudes da banana para a saúde, como os altos níveis de vitamina A, C, K e B6.
Acho que os psiquiatras e os laboratórios não vão gostar muito desta pesquisa
Chiquita Bacana é quem estava certa.

terça-feira, junho 19, 2007

Nada além

Hoje sonhei com o nada
O nada não tinha nada
Há um pouco de niilismo
Em minha alma....

domingo, junho 17, 2007

Vocês não entendem quase nada do que digo...





Quase que eu apanho ontem, durante um jogo de cartas, de amigas indignadas com esta crônica abaixo, por que eu disse que sou parda, mestiça e que me considero negra, índia, e branca, pelo que conheço dos meus antepassados, todos provavelmente também miscigenados.
Dizer que sou parda para alguns é como dizer que sou branca. Em suma, uma ofensa a todos os negros do mundo. Esse tema é mesmo espinhoso.
A discussão veio à tona depois uma pesquisa que foi feita com negros proeminentes do país, publicadas na imprensa e na internet, que mostrou que praticamente todos eles tinham genes europeus em menor e maior quantidade.
A quem pode interessar uma pesquisa como esta, perguntam alguns, pensando em complôs e conspirações contra a causa do negro.
Que tal à ciência? pergunto eu.
E à quem não interessa constatações sobre o perfil do povo brasileiro? A quem não interessa? .
A verdade e a política, todo mundo sabe, não andam de mãos dadas.
No que uma pesquisa como esta pode atrapalhar a luta pelos direitos do povo negro? Se a luta se baseia no combate ao preconceito e à discriminação o que significa substituir um preconceito por outro, uma discriminação por outra, e o pior: a auto-discriminação ?
Enquanto a polêmica se instalava , eu confundia a minha adversária com minha parceira, e por pouco não passo cartas para ela. Glória Maria surge na tela chamando para o Fantástico debaixo de críticas "Ela é uma branca", dizem.
Por que ela seria branca? Por que não é pobre? Negro tem que ser pobre? pergunto provocante me distraindo do jogo e dando uma canastra real para minhas adversárias.

Não quero ir embora, nem quero dar o fora

Vocês não estão entendendo quase nada do que eu digo. Para mim não importa ser branca ou ser negra. Posso ser qualquer uma dessas coisas. Aliás, eu sou essas duas coisas. O que acho é que não querer se integrar por ressentimento, ou melhor, por medo de ser discriminado, é uma atitude infantil. Portanto, quem sabe, é melhor nos segregarmos num gueto e permitir que os 'brancos brasileiros' nos digam onde devemos entrar, os locais que podemos ou não podemos ir, o tipo de arte de que devemos gostar, e o de pessoas com as quais podemos nos relacionar de igual para igual. Será?
É o branco, o negro, o japonês, ou o índio - em suma o outro- é quem vai dizer quem sou eu?
Eu também tenho alguns preconceitos. Um deles: não gosto de muçulmanos e acho desprezível a limitação individual e a opressão às mulheres dessa religião. Mas, digamos que eu venha a ter um vizinho muçulmano, e todo dia tope com ele.
Vou acabar dizendo bom dia. Talvez um dia troque algumas palavras. E quem sabe até o convide para a tomar um chá na minha casa, ou aceite tomar chá na casa dele. Ele e seus costumes já não serão tão estranhos para mim, nem eu para ele... Não é isso que me tornaria muçulmana( nem nada, Deus me livre) , assim como ele (a) não vai passar a pensar como eu. Vamos provavelmente nos tolerar mais e continuar apenas a nos dizer bom dia.
Agora, não vou discriminar uma pessoa porque ela é preta, branca, rica ou pobre, gay, ou lésbica, feia ou bonita... Mas certamente vou continuar querendo distância dos chatos, burros, e mau-caráter, ,entre outras coisas que não me lembro agora, por que hoje acordei com uma felicidade amedrontadora. Talvez seja a nova dose de bupropiona que esteja fazendo efeito.
Mas, se para algumas pessoas de quem gosto, que respeito e que são inteligentes, solidárias, engraçadas e realizadas social e profissionalmente, é importante que eu me declare negra, e não parda ou mulata, está certo: Eu sou negra, negra, negra como um dia de verão...

Em todo caso, o que digo é que as pessoas deveriam perdoar, esquecer o passado, e não permitir que coisas como as que aconteceram- e que acontecem ainda eu sei- continuem acontecendo, machucando e atrapalhando o presente. Vamos fazer como as crianças quando caem e se machucam , que choram, levantam, esquecem a dor, e voltam a brincar...
Isto também é uma atitude política.
Ah, e para quem pensa que eu censuro os comentários no meu blog não, não, não. Pelo contrário, fico frustradíssima quando não vejo nenhum. Já mexi no blog, já liberei tudo, e em suma, não sei o que está acontecendo.

terça-feira, junho 12, 2007

Sobre negros e brancos...

Todos os dias recebo alguma coisa de pessoas que querem negar a miscigenação no Brasil. Ou somos negros ou somos brancos. E para provar que não somos alienados, que somos boas pessoas, que não gostamos da injustiça e do preconceito, temos que definir de que lado estamos ( o que é isso uma guerra civil?) .
Não sei por que o movimento negro( que conheço) tem tanta raiva da miscigenação do brasileiro. Me mandaram recentemente o texto do blog de Nei Lopes.
Não sei quem é ele, como provavelmente ele não sabe quem sou eu. E olha, temos até o mesmo sobrenome.
Achei o texto dele interessante, embora bata num discurso, que para mim(PARA MIM) é ultrapassado.
Esse conceito de que raça não existe já é do conhecimento de antropólogos há algum tempo. Se é pouco divulgado , ou pouco aceito, é porque existem interesses políticos nisso. Interesses dos ditos brancos e dos ditos negros em provar que não se misturam, o que é bem difícill no Brasil, já que quem tem a pele parda ou marrom, como eu, obviamente é produto de miscigenação.
É verdade que o racismo e a discriminação -por cor, gênero ou classe social são coisas abomináveis.

Mas abominável também é negar a realidade deste país.
Abominável é que alguns MNUs (nem todos) neguem esta realidade, não de forma cientifica, mas por medo de perder espaço.
Talvez fosse o caso de mudar o foco da luta. Lutar pelos direitos que todo ser humano tem, e que todos os cidadãos brasileiros também deveriam ter, independente de sua origem.
Sei que a discriminação dói, embora por ser PARDA (é a cor da minha pele, o que fazer?) e sempre tenha sido classe média, tenha tido uma educação classe média – no tempo em que a classe média era só uma e não como agora-A, B e C- e meus parentes brancos e negros e pardos nunca tenham me rejeitado, eu nunca tenha me sentido discriminada.

Mas isso não quer dizer que eu não entenda, nem sinta como é doloroso ser discriminado pela cor da pele, ou por gênero. O que eu não sinto por mim, posso sentir pelos outros, afinal acredito que realmente só existe uma raça (como diz a ciência moderna: a raça humana). Acho que discriminação é abominável e revoltante...
Mas existe diferença entre revolta e ressentimento. Segundo Albert Camus, filósofo francês de origem argelina, o homem ressentido é aquele em que a consciência de sua situação gera apenas a negação do valor da importância do outro, o desejo de eliminar o outro, a inveja.
Já o homem revoltado luta para transformar a situação, mas não quer ser o outro, nem fazer com o outro o que acha que fizeram com ele. Ele busca se impor como ele mesmo, sem negar
Diferenças nem semelhanças. Ele impõe o seu valor seja ele como for.
O que sinto, por parte de alguns militantes negros, é uma mistura de raiva, ressentimento, e até inveja. Isso para mim, não é racional. É emocional. Não diminuo a dor dos que são vítimas do de preconceito. Eu talvez até já tenha sido discriminada; provavelmente fui. Mas não me senti pequena nem diminuída em nenhuma situação e portanto não percebi a discriminação. E se eu não percebi, não existiu. Só existe aquilo que nossa consciência nos mostra. E consciência é uma coisa muito ampla e complicada.
Lamento o que vejo muitas vezes: o sentimento de revanche que considero pequenez. Querer dividir este país em um país de negros e brancos, como os EUA, negar nossas diferenças, é pequenez.
Acho que o caminho é da luta para conquistar espaços e fazer valer os direitos, mas que também é preciso esquecer a rejeição, o sentimento de inferioridade (que vai da negação da miscigenação ao desejo de agir com o branco, da mesma forma como os brancos agiram com ele).
Besteira esse negócio de dizer sou negro então sou melhor que o branco.
Alguns negros são melhores que alguns brancos, assim como alguns brancos são melhores que alguns negros. Algumas mulheres são melhores que alguns homens e alguns homens melhores que algumas mulheres
Vale lembrar que na maioria das vezes eram negros que capturavam outros negros para vendê-los ao mercador branco. Era costume tribos vencedoras tomarem os perdedores como escravos. Sei que isso não justifica o sistema escravocrata no país, mas explica.
Acho que se eu fosse mais diplomata, faria de conta que também acho que porque o negro foi escravizado, tratado cruelmente, discriminado e injustiçado, tudo que vier de um negro,ou de um grupo negro, é o certo, é a luz, é a verdade.
Então por que eu sou parda, sou apenas negra (apesar de meus antepassados brancos e índios) e tenho que odiar os brancos, ou os assim considerados, e me manter afastada deles e de tudo que os representam seja tecnologicamente, na arte ou na economia?
Acho isso uma forma de pensamento muito rudimentar.
O que sei, e a história pode comprovar, é que todos nós, descendentes de negros no Brasil, somos descendentes de perdedores, ou seja, das tribos que perderam a guerra ou membros de tribos mais fracas.
Não vou abdicar do meu lado branco, nem índio, como não abdico do meu lado negro, para agradar ninguém. Nem negros ou brancos, nem gregos nem troianos, nem gaúchos nem baianos.

Se eu não for verdadeira comigo mesma vou ser com quem???
Chega de dor, de medo, de rancor.

Sou baiana. Sou brasileira.
Vamos pra frente que atrás vem gente.