terça-feira, abril 24, 2007

A verdade dói

Foto: Hieros Vasconcelos Rego

"A verdade dói", diz o ditado. De qualquer forma acho que devemos encará-la de frente.

Para uma bairrista como eu, doeu ver a mensagem escrita na parte interna de um ônibus da Pituba/Campo Grande, por alguém que se assinou "Zé" e "turista enganado" que dizia:

"Salvador é uma cidade feia, suja e maltratada, cheia de favelas, pivetes e mendigos. Os ônibus são velhos e o sistema hospitaleiro é péssimo".

Foi como um tapa na cara, eu que acho Salvador uma cidade linda, cheia de luz e encanto.

Meu Deus,será que eu acredito no mito criado por Jorge Amado, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Dorival Caymmi, Gilberto Gil, Caribé, Calazanes Neto e outros milhares de baianos bairristas e encantados por uma Salvador que conseguem ver apenas com o coração?

Acredito. E como diz outro ditado "o amor é cego".
São esses casos em que a gente só vê o que quer ver.

Comentei sobre isso com uma colega de pós, engenheira ambiental, que também ficou chocada.

"Eu nunca tinha visto Salvador assim", disse ela.

De fato, os turistas geralmente adoram Salvador. Principalmente os jovens e aqueles que vem em excursão e vão de ônibus de turismo para os pontos pitorescos da cidade, saltam , fotografam, voltam para o ônibus, se divertem em algum lugar interessante, voltam para o hotel e de lá para suas casas.

Quem mandou "Zé" vir por conta própria, escolher uma pousada ou hotelzinho e andar de ôninus pela cidade?

Viu o que não devia. Ou devia.
Que Salvador é uma cidade feia e bonita. Talvez mais feia. Com alguns locais arrebatadores como a descida da Avenida Contorno, a paisagem entre o Cristo e o Farol da Barra, a Penha, o Abaeté e o Porto da Barra, é claro.

Que Salvador está cheia de mendigos, fezes de gente e de cachorros pelas ruas, água empoçada junto aos meio-fios, pivetes, ladrões; que o sistema de transporte coletivo realmente é ruim e que o paraíso não é aqui. Apesar do sol, do calor e do ar de sorriso quase constante nos rostos das pessoas.
Dói mesmo. Ver que um estranho tem razão com seus olhos estão destituídos de poesia e de ilusão.
E que nós nos deixamos enganar pelo marketing por amor. Como qualquer apaixonado, bobo e carente que vê a perfeição no objeto amado.

Pobre Salvador tão mal cuidada. Pobre de nós, cegos, que aceitamos a mentira de viver na cidade mais linda, ou uma das mais lindas do mundo.

Não há beleza onde há miséria e sofrimento. Nem onde a miséria cristalizada se torna algo tão banal que não chama mais a atenção.

Triste Salvador e seu povo que mora na periferia , nos barracos, nos bancos de praça.

Triste Salvador, voce me deixa triste.

terça-feira, abril 17, 2007

Não deu em nada....

Fui assistir '300' e saí decepecionada.
É muito boroboró para um filminho daquele.
Fora a grandiosidade da produção o filme é apenas o que, certamente, pretendia ser: uma história em quadrinhos para aficcionados do gênero.
Que desperdício! 300 homens como aqueles, cheio de coragem, e valores, morrerem só por arrogância do rei, porque obviamente o máximo que conseguiriam, e conseguiram, seria retardar a passagem dos persas. Se houvesse uma estratégia por trás disso tudo bem. Mas retardar por retardar não daria em nada.
Leônidas era um tonto e a rainha dele uma, como diria, loura?
Só uma loura, dentro das caricaturas criadas do nada, como a criada entre nós para as louras, coitadas, explicaria as atitudes daquela mulher sem estofo.
Prestar favores sexuais a um notório mau-caráter e adversário do marido para conseguir apoio no Conselho... Burrinha...Contraditória...
Onde estavam seus conceitos de honra? Comercializar o corpo é para prostitutas não para rainhas. Deu no que deu. O fato dela ter matado o detrator não melhorou em nada a situação.
Enfim, não sei porque os persas ficaram tão p com o filme. Besteira pura.
Só batalhas e combates para quem gosta de ver briga. Se bem que briga mesmo era naquele tempo onde os homens lutavam para valer, e sobreviver uma mera possibilidade . Olho no olho, mau hálito no nariz dos outros. Era assim.
E nfim, não sei o que me desgostou mais nos quadrinhos filmado. A besteira dos 300 ou a burrice da rainha. Rodrigo Santoro estava bem, mas nem tanto. Fantasiaram demais o pobre do Xerxes, que ficou parecendo um travesti.
Adoro épicos, mas os históricos! E com personagens que valham a pena. Já viram que meu problema com o filme foi, na verdade, com os psersonagens, não é?


Fiquei quase um mês sem escrever. Estava meio sem saco, triste, com perdas recentes (ainda estou). Mas o principal é que tinha esquecido a minha senha e não conseguia entrar no blog. Dá para acreditar?