sábado, julho 14, 2007

Para que facilitar, se a gente pode complicar?



O mundo ocidental deve muito aos gregos. Não só pelos valores como democracia e liberdade, mas também pela noção de beleza. Afinal, foram os filósofos gregos que começaram a pensar sobre estética através de objetos bonitos e decorativos produzidos em sua cultura. Platão entendeu que estes objetos incorporavam uma proporção, harmonia e união, tentando entender estes critérios.
Aristóteles achou, da mesma forma que Platão, que os elementos universais de beleza era a ordem, a simetria, e a definição Uh Um (não sei porque...Isso parece mais o grito de guerra dos funkeiros).... A estética, palavra derivada do grego aisthésis quer dizer percepção, emoção.
Há quem costume achar que arte é tudo o que é belo. Sendo assim, para essas pessoas deixa de ser arte tudo aquilo que não parece bonito ou que não emociona. É comum ouvir pessoas exclamarem em exposições de pintores abstratos: “Vou comprar tinta e dar para o meu filho. Isso ele também sabe fazer”. Será?
Pessoas que dizem isso precisam entender que a criação tem uma intencionalidade, mesmo que o seu autor a desconheça. A arte nos leva onde devemos ir para que possamos nos ver melhor. Ou como disse o professor de Filosofia Antonio Saja: “o mundo é tão estranho que o Homem procurando clarificar cria a arte”.
Faz sentido. Mas, como codificar um emaranhado de formas geométricas e cores berrantes?”, perguntaria o amigo cujo filho pode fazer um Picasso...
Eu poderia dizer: “ você não precisa entender , nem decodificar. Só precisa sentir”.
Ele poderia responder: “ Ainda bem que não paguei para ver essa exposição”.
Às vezes, para alguns, é difícil entender que a arte não é uma questão técnica, e sim uma questão filosófica. Daí o porque dela estar atrelada a conceitos e valores como bonito, bom, ético e agradável.
Saja disse que na Antiguidade, os gregos prescreviam peças de teatro para os doentes para que eles pudessem se ver e daí não precisassem tomar remédios. A função da Arte é a cura. Não apenas a cura individual, mas a cura civilizatória. Afinal, “aquele a quem você busca é você” que pode estar nas páginas de um livro, num riscado numa tela, numa melodia...
Mesmo que não tenha sido você a escrever o tal livro, a pintar a tal tela, na tal melodia...
Filosofar, ao meu ver é afiar a mente. Nem que seja para complicar, porque, como disse o professor Saja "para que facilitar se a gente pode complicar?"






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