Pombinha passou o Natal dormindo na calçada de uma das ruas mais sujas do Rio Vermelho,
em frente a uma das academias mais caras do bairro.
Pequena, inchada, cara redonda, cabelo sujo, Pombinha dormia a sono solto.
Talvez sonhasse com o seu tempo de empregada doméstica,
Pequena, inchada, cara redonda, cabelo sujo, Pombinha dormia a sono solto.
Talvez sonhasse com o seu tempo de empregada doméstica,
quando tinha um teto sobre a cabeça,
até a patroa cansar-se de vê-la
sempre embriagada
e botá-la na rua,
onde ela continua,
e de onde certamente não vai mais sair.
Talvez Pombinha não sonhe mais.
Talvez Pombinha não sonhe mais.
Entorpecida pela cachaça,
é provável
que não haja mais lugar para sonhos
em sua mente
onde figuras daqui e de outros mundos
se confundem a todo instante.
Não há mais lugar para sonhos ou desejos
Não há mais lugar para sonhos ou desejos
na vida de Pombinha (não sei por que tem esse apelido, mas presumo que fosse uma pessoa doce).
Existem apenas dias após os outros
deitada na calçada fétida
ao lado de cães vadios.
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